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18 de fevereiro de 2009

Às 5 a.m.

Amanhece,
mais se cansa do que sonha.

Amanhecer é momento neutro.
Enquanto os homens dormem a natureza consegue finalmente reencontrar-se.

Só o silêncio fica.
Silêncio de nascença, novidade, solidão.

É ao amanhecer que o homem perde todo seu poder em tentar conquistar o mundo.

16 de fevereiro de 2009

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Tempo estático, morto.

Agora vivo

Numa só noite.

Baile da madrugada

Sentir mais intensamente
quando não se está presente.
Através da janela ... e as coisas passam.
Quem desejava saber de quase tudo não pertence nem mais aos que tentam

Um olhar perdido como se não fosse pela primeira vez,
mas como se quisesse repetidas vezes, sem cansar.

Fim de noite. Bêbada me deito. Jogo as palavras pois nessa hora é impossível organizá-las.
Acabaram ficando com ele, apenas.

Algo de íntimo, algo de único, mesmo que por pouco. Que seja tempo ou objeto.
Vou lá fora fumar um cigarro e você do meu lado fazendo graça.

(Viva a sua rotina, que eu vivo a minha, e assim caminhamos separados e juntos, em paz)

Mas não se esqueça dos intervalos com os sorrisos jogados na madrugada.
No mesmo espaço,
ao mesmo tempo,
e pelo mesmo motivo.

12 de fevereiro de 2009

Carona em Bauru

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Escrito em 2006...



Sabe o dia no qual você deu carona pro Thiago, Victor, Carol e Henrique? Bom... Estávamos voltando da festa e você levando eles para casa. Lembro-me que estava quieta, sentada no banco do carona, e o Thiago começou a imitar alguém. Todo mundo começou a rir, só eu não porque não entendia a imitação da menina que todos vocês conheciam. Daí você começou a dar aquelas risadas, ahhhh... Aquela sua risada! Eu ficava olhando, de canto quase sem me mexer... só espiando. Enquanto você ria e dirigia, e eu ria porque estava vendo seu sorriso. Foi quando eu olhei com mais atenção e entristeci.Aquele sorriso em pouco tempo não estaria comigo,e viriam as saudades, lembranças e o som do sorriso

Fiquei olhando a paisagem, tentando evitar te olhar,mas eu conseguia te ouvir, e você continuava sorrindo.

Fechava os olhos e sabia exatamente o movimento da sua boca, como sua cabeça vai ligeiramente pra trás quando sorri, como você achava tudo aquilo engraçado. E eu pensando nas saudades, saudades que nos dividiam em milhares de quilômetros. Virei o rosto, te olhei, você já tinha parado de sorrir, voltou a apenas dirigir, mas não me olhou. Fiquei olhando mais um tempo e você mexeu um pouco a boca como se estivesse falando pra ela deixar de sorrir. E voltou a ficar sério. Daí tive a impressão que você levaria a cabeça ligeiramente pra trás e sorriria de novo. Mas daí você não sorriu.

Bateu a seta.
Dobrou o carro.
Olhei pela janela.
E quem sorriu fui eu.
Você ficava lindo sério.

10 de fevereiro de 2009

O artista da agonia




Man Ray
(Emanuel Rudzitsky, Filadélfia, 27 de Agosto de 1890 - Paris, 18 de Novembro de 1976) foi um fotógrafo, pintor e anarquista norte-americano.

"Em lugar de pintar pessoas, comecei a fotografá-las, e desisti de pintar retratos ou melhor, se pintava um retrato, não me interessava em ficar parecido. Finalmente conclui que não havia comparação entre as duas coisas, fotografia e pintura. Pinto o que não pode ser fotografado, algo surgido da imaginação, ou um sonho, ou um impulso do subconsciente. Fotografo as coisas que não quero pintar, coisas que já existem.", por Man Ray





Fotografias de Man Ray


A curta-metragem L’Étoile de Mer, realizada por Man Ray em 1928, é uma das obras clássicas do cinema surrealista dos anos 20 do século passado. Trata-se de uma inquietante história de amor onde se cruzam personagens insólitas, ora próximas, ora distantes, inspirada na peça de teatro La Place de L'Etoile, escrita um ano antes por Robert Desnos, um dos maiores poetas surrealistas.

“A par das referências óbvias ao desejo sexual inconsciente, presente na maioria dos trabalhos surrealistas da época, L’Étoile de Mer é marcado pelos pontos de contacto que estabelece entre o ideal de mulher inalcançável e a estrela-do-mar do título. A enigmática estrela-do-mar é um dos símbolos primordiais da iconografia surrealista, surgindo no filme sempre que se adivinham sinais de conflito ou ameaça à frágil relação dos protagonistas.” http://olugardosangue.blogspot.com


A ESTRELA DO MAR
(L’ETÓILE DE MER – Man Ray, 1928)

8 de fevereiro de 2009

Dias curtos

O que sei é dos meus versos poucos de tanto esperar.
De tanta felicidade que o dia já não podia mais nos dar.
E quando eu saía se podia ouvir toda ilusão.
Daqueles que queriam seu amor pela rua, seu nobre perdão.

São tantas horas poucas, tantos versos loucos que eu já não podia ser.
Aquele que um dia imaginou não queria ver.
Foram tantas coisas chatas, normais e exatas de não se querer jamais.
viver em um dia quente, ardente, a dor de ser sempre mais.

Queria que você me ouvisse e notasse toda nossa confusão.
Me falasse frases curtas, brutas, cheias de perdão.
Queria te ver sempre que eu passo sob o mesmo espaço do nosso luar.
Viver a noite de sorriso aberto por simplesmente estar.
E assim te mostrar todo dia a alegria que eu não quis entregar.

4 de fevereiro de 2009

Amor de final de semana


Vá antes do amor morrer
Antes de hoje ser igual a ontem
Antes do pranto não ser mais dor
Sei da solidão que sempre será minha apenas
De caminhos percorridos com completo sentido
que antes guardava apenas para sorrir

O chorar não nasce,
Ele é parte
arde
bate...
surge quando há luz em ambos olhos

E viver para ver
nosso eterno abraçar
Apenas o curto segundo no qual não se está
e sozinha deitar
Ter para sempre meu instante
de poder se dar