Enquanto eu ficava lá sentada, achava que podia existir alguma coisa que me fazia acreditar que eu poderia saber de algo que os outros não sabiam. Todos pareciam contentar-se com a mesma coisa. As mulheres, sempre na disputa de quem tem os melhores peitos e rabos. E os homens em busca desses melhores peitos e rabos. A música age quase que como um instrumento de iniciação a pensamentos idiotas, que seguirão as pessoas noite adentro.
Também tenho minhas tentativas de aceitação, mas a maioria fracassa antes mesmo de começar porque até lá já estou enjoada em me perceber no meio de tudo aquilo. Desisto, em busca de algo que não sei exatamente o que é - claro, as pessoas egoístas sempre querem achar tudo na vida sozinhas, como se fossem receber alguma revelação divina e individual; algo como saber que jogarão uma bomba no centro do mundo e poucos afortunados, incluindo você lógico, se salvarão. Toda aquela gente dançando, rabos rebolando e pares de pernas maravilhosas em microssaias: tudo, claro, posto estrategicamente! Lindas mulheres pra lá e pra cá – elas estão por todos os lados -, dando seus saltinhos e risadas abafadas a cada elogio grosseiro sobre seus decotes. No final, todo um ritual de arruma-dança-bebe-conversas-dinheiro... Tudo resumido em uma finalidade lógica e simples: foder.
E eu achando que sabia mais do que eles! Talvez o único que seja é isto: toda essa gente estúpida, tanto esforço por uma foda, e eu como uma também estúpida – afinal, quero me dar o direito de ser humana – também devo querer a mesma coisa. A diferença era que eu tinha notado, e só essa razão me fez querer evitar aquela realidade fodida. Sendo assim, comprei mais uma cerveja antes de me desesperar na noite e em todo meu antisocialismo, bebi e brindei, a mim mesma.
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